
Havia apenas uma única realidade para aquele menino naquele mundo sem cor. Ele era sozinho, tinha sido criado com a crença de que finais felizes não existem. Seus pais obviamente não foram
o melhor exemplo, talvez estivessem cansados de lutar e então deixaram de lado seu último sopro de vida e mergulharam no rio e deixaram ser levados pela correnteza.
Durante os dias que viveu haviam aqueles que faziam os seus dias mais aceitáveis. No entanto cada dia era uma guerra contra o "ser abstrato" que não conseguimos nomear, aquele pelo qual
dessistimos de lutar contra em algum momento de nossas vidas e repetimos o ciclo vicioso do rio. O mundo parecia explodir dentro de sua pobre mente, tal menino não havia sido criado para
tanta decepção, então no momento em que o "ser" veio tirar o seu sopro, ele fechou os olhos e se refugiou no único lugar onde ele era aceito. Em sua mente.
Ele abre os olhos e está seguro. Vê-se no meio de um corredor com diversas cores, comprido onde não se consegue ver o fim. Ele então começa a andar e observa um furo na parede. A luz sai
tão forte desse pequeno buraco na parede, que é capaz de iluminar boa parte vísivel do ambiente. Então ele aproxima seu olho e ve uma praia, com pessoas correndo, sorrindo e conversando.
Ele sente em seu peito um calor que não sentia a muito tempo. Ele tira o olho do buraco e segue em frente. Mais a frente ele ve um outro buraco na parede dessa vez dentro do mesmo há um
sofá onde estão sentados ele, seu pai e sua mãe, vendo um albúm de fotografias, os três riem, lembram de como foi "aquele verão" de 2012".
Mais alguns metros na frente ele começa a ouvir uma música antiga, um blues que sai de um grande buraco na parede, através dele, ele vê de costas uma mulher de cabelos compridos e que exalam um perfume estontêante sentada de frente a ele.
Por um momento sequer aquele eu consegue tirar os olhos da mulher. Uma onda de nostalgia com o que nunca aconteceu parece infestar seus pensamentos, essa idéia lhe faz se sentir tão bem.
Ele continua andando pelo corredor até que chega até o final do corredor e ve uma porta. Quando abre tal ele ve amigos, em um parque, sorrindo. Alguns posando para fotos. Outros abrem
presentes, no final todos se juntam e começam a cantar uma música. A música é muito ruim, é uma paródia de alguma outra música, mas todos riem, felizes.
O colorido desaparece, dando lugar ao sem cor, ao monótono, ao não-prazeroso, a algo que se assemelha ao nada. Naquele segundo que se passou dentro de seu delírio, ele viu algo maior
naquela história. Ele viu uma possibilidade, ele viu um futuro que vale a pena esperar. Então ele pega um quadro e começa a preenche-lo de cor, de vida. Ambos se misturam e começam a se
espalhar pelas paredes até que toma conta de tudo que o menino vê. Naquele momento o "ser" foi embora e na minha imaginação eu o vejo indo embora com um pequeno sorriso no rosto,
com a esperança de poder parar o curso do rio. Sabendo que dessa vez a chama se mantera acessa.