Já tem um tempo que não posto poemas (e na verdade acho que tem tempo que ninguém abre esse blog), portanto resolvi postar dois poemas meus. O primeiro, "Poema IV", foi escrito a algum tempo atrás (um ou dois meses), e tem esse título porque eu sou péssimo para nomear textos e não consegui pensar em nenhum nome. O segundo, "Chuva de Lírios", foi escrito esta semana ao acaso, a partir de uma conversa que eu estava tendo com o Rodrigo.
Já a terceira não é um poema, é uma música do grande Chico Buarque, que dispensa apresentações.
Poema IV (Ricardo José)
Na escuridão do amanhecer,
Perco-me em suas curvas
E inebriado por seus beijos
Adormeço ao teu lado.
No frio que sinto ao meio-dia,
Longe de ti,
Anseio seus olhos,
Penso em seus lábios.
No desejo do entardecer,
Confundo-me com seus cabelos
E no suspiro uníssono
O amor grita e se sacia.
Na inverossimilhança do anoitecer,
Ouço tua voz doce e suave
Que se perde em meus devaneios
E se funde ao véu da noite.
No calor da madrugada
Choro em teus braços,
Pelos abraços que não tive,
Pela saudade que um dia sentiria.
Chuva de Lírios (Ricardo José)
Noite escura sem luar,
Nem mesmo o mar me encontrou
Nem as estrelas sorriram.
As árvores se envergaram
Para ouvir meu doce pranto
E o vento congelou minhas lágrimas,
Para sempre em meu rosto magro.
Vejo apenas esta chuva
Que dissolve meus vãs pensamentos,
E que com a límpida água
De seus devaneios,
Minha saudade germine,
Nesta madrugada lenta,
Em um amor.
Que a lua apareça
E reflita, em uma espiral
De cores, a luz de teus olhos
Em cada gota de chuva
Que irrompe deste céu amargo.
Que o desabrochar do lírio
Venha com o início da aurora,
Com o final da chuva,
Com o teu beijo,
Com você.
Roda Viva (Chico Buarque)
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)
Suficiente
Há 10 anos
(e na verdade acho que tem tempo que ninguém abre esse blog)
ResponderExcluirHahaha... Só tem nós dois aqui, provavelmente. Abro todo dia.. Mas tô com uma puta preguiçade postar ._.
BTW.. Não preciso comentar que sempre seus textos me deixam feliz, né?
ResponderExcluirPara você Ricardo, minhas exaultações! Para Chico, meus Obrigados...
ResponderExcluirCaramba jesus, largou essa história de bíblia e virou poéta?
ResponderExcluirhahaahaha, zoa
texto deveras emocionante, minhas congratulações.