Palavras (Ricardo josé)
" Acordei como que sem vontade. Sozinho, preso a uma realidade da qual não podia fugir. Permaneci deitado, a esperar os pensamentos e alguma vontade, algum desejo de mudar o que eu não tinha.
O tempo não me importava, passava longo e sem compromisso. Tateava os meus lençóis a procura de um perfume que esvaziasse aquele cheiro solitário que era apenas meu. Meus olhos vagavam errantes pelo quarto, procurando um sinal de diferença, uma marca escondida de existência. Tudo era igual, tudo era demais eu.
Sentei-me no colchão e por um segundo pensei em me levantar. Senti-me cansado do escuro, mas tinha medo da luz, tinha medo de ali, na claridade de um mundo real, desabar meus sonhos esculpidos no negro mármore da ilusão, e ver-me só, de encontro ao vaco.
Desprendi-me de minha consciência e entreguei-me a devaneios. Percebia com um longo sorriso que outrora fora seu, que meus risos se resumiam aos teus. E a saudade do teu perfume se desiludia sorvendo um mundo inverossímil por ser real demais, por não ter em nenhuma flor teu nome. Encontrava-me abraçando teu corpo de nuvem, entregando-me aos céus em que te encontraria, percorrendo o infinito a fim de te ver na linha de chegada.
Tento fugir desses pensamentos, tento fugir de você e suas lembranças. Mas me é inútil, seria como tentar fugir de meus braços. Como poderia pensar em arrancá-los? E tendo-os por um breve e eterno momento, como esquecê-los, como preencher o vazio que se formou em seu lugar?
Palavras... Tudo se foi resumindo a palavras que corriam por vezes desesperadas, mas em todos os momentos que percorriam seu corpo e alcançavam sua voz, encontravam-se serenas, significativas, num contexto que era você.
Tentei lutar contra a saudade, mas não via seu brilho na multidão, então me entreguei à escuridão de um mundo ilusório, onde qualquer imagem tua iluminaria meus cômodos, minhas letras, minha voz, meus sentidos...
Mas no limiar do amanhecer já não sabia se você existia. Se fora do meu mundo você era você, e se fora do nosso mundo eu voltaria a ser eu.
Não me levantei por não ter motivo. Não acendi as luzes para não te perder. Não cheguei a acordar, para nunca duvidar de você, mas cheguei a te esquecer quando acordava, mas para nos meus sonhos voltar sempre a te lembrar."
Porque tu poe aspas num texto seu?
ResponderExcluirFiquei meio burro agora. hahahaha
ResponderExcluirNão sei porque, cara, realmente não sei... Acho que devia parar com isso.