segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Modernidade II

Após o post "Modernidade", comecei a ler o livro "O mal-estar na cultura" de Freud, e me deparei com algumas ideias parecidas, nas quais ele consegue explicar e até mesmo explicitar de uma forma clara e coerente. Vou pôr aqui alguns trechos do livro, talvez fique longo demais, mas vale a pena para dar continuidade a este tema tão necessário e comum.
Antes dos trechos, gostaria de comunicar que na semana passada, mais precisamente apartir da quinta-feira, após uma aula de sociologia, percebi que estou extremamente inserido no meu tempo pensando dessa forma. Tinha aquela visão de que não pertencia às novas gerações entretanto, esse sentimento de desconforto, insegurança, descaso e aversão à modernidade é o que há de normal, o chamado "período das incertezas", onde não temos mais a confiança na ciência e muito menos no homem, onde não temos mais fé no desenvolvimento e nas suas melhorias. Pode parecer pueril, mas isso me fez aceitar um pouco mais essa inevitabilidade da modernidade.

"Se não existissem ferrovias que superassem as distâncias, então o filho nunca teria deixado a cidade natal e não se precisaria do telefone para ouvir a sua voz. (...). E, por fim, de que nos adianta uma vida longa se ela é penosa, pobre em alegrias e tão cheia de sofrimento que só podemos dar as boas-vindas à morte, saudando-a como libertadora?"

"Em tempos remotos, ele formou um ideal de onipotência e onisciência que corporificou em seus deuses. A eles atribuiu tudo que parecia inacessível aos seus desejos - ou que lhe era proibido. Pode-se dizer, portanto, que esses deuses eram ideais culturais. Agora ele se aproximou bastante de alcançar esse ideal, ele próprio quase se tornou um deus."

"Épocas futuras trarão consigo progressos novos e de dimensões possivelmente inimagináveis nesse âmbito da cultura, aumentando ainda mais a semelhança do homem com Deus."

"A parcela de realidade por trás disso tudo, que se prefere recusar, consiste no fato de que o ser humano não é uma criatura afável e carente de amor que, no máximo, é capaz de se defender quando atacada, mas que ele pode contar com uma cota considerável de tendência agressiva no seu dote de impulsos."

"A existência dessa inclinação agressiva, que podemos perceber em nós mesmos e com razão supor nos outros, é o fator que pertuba nosso relacionamento com o próximo e força a cultura a dispêndios.Em consequência dessa hostilidade primária dos homens entre si, a sociedade aculturada está constantemente ameaçada pela ruína.(...). A cultura precisa fazer de tudo para impor limites aos impulsos agressivos do homem (...). Ela espera impedir os excessos mais grosseiros da força bruta ao conferir a si mesma o direito de praticar a violência contra os criminosos"

"A agressão é introjetada, interiorizada, na verdade mandada de volta à sua origem; portanto, dirigida contra o próprio eu. Ali (...) está pronta a exercer sobre o eu a mesma agressão severa que este teria gostado de satisfazer à custa de outros indivíduos. (...). Assim, a cultura domina a perigosa agressividade do indivíduo na medida em que o enfraquece, desarma e vigia através de uma instância em seu interior"

"o preço do progresso cultural é pago com a perda de felicidade devida à intensificação do sentimento de culpa."


Se por um acaso eu ler mais alguma coisa de interessante sobre Modernidade, trarei.
Abraços

0 comentários:

Postar um comentário