quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Modernidade

A modernidade é realmente "maravilhosa", toma para si todo o tempo que temos para nós.
Somos obrigados a produzir constantemente, a nos ocupar incessantemente, e todo momento de ócio é aproveitado com o melhor dos sentimentos, somos criticados por descansarmos, às vezes (no meu caso sempre) por nós mesmos. Vivemos em constante tensão e auto-crítica, infelizmente não há como nos afastarmos de todas as responsabilidades. Chegamos a um nível em que não sabemos mais viver de forma relaxada.
A mecanização do homem, fruto graúdo e vil da modernidade, torna-nos objetos e não mais humanos. Vivemos em uma sociedade na qual não nos relacionamos, ou sequer nos identificamos. Vivemos mais sentimentos em menos tempo. Em suma, vivemos menos ao tentar viver mais.
Estuda-se e trabalha para se criar o melhor dos futuros ... Que futuro teremos se não soubermos aproveitar nosso presente e aprender com nosso passado?
A humanidade deixa ser levada pelo caos da urbanização, esquecendo-se que somos indivíduos coletivos, vemo-nos alheios a nossos pensamentos e cada vez mais parte de uma realidade material e menos subjetiva.
O subjetivo não é mais importante, não importa o que sentimos quando a necessidade verdadeira é a de acumular bens e quem sabe atingir a felicidade... Vivemos em um tempo em que a felicidade é impossível, pois a família, a amizade, a humanidade perdeu seu caráter antes intrínseco de união. Cada vez mais fazemos colegas, e não amigos. Temos mais paixões e quase nenhum (ou mesmo nenhum) amor. As conversas são curtas e objetivas, vivemos em uma necessidade de abranger nossos conhecimentos. Sabemos tantas coisas diferentes, que no fundo somos apenas idiotas sabendo muito sobre nada.
A vida se tornou passageira. Ultrapassamos amores, alegrias, tristezas de forma tão rápida e vaga que não apreendemos nada da vida. Somos estimulados e incentivados a nos manter em movimento, descarregam-nos que a vida é fugaz e única. Entretanto fazemos justamente o contrário, vivemos superficialmente.

A modernização está ligada ao individualismo, base do capitalismo, porém, a individualidade "des-socializa" o homem. Somos alheios a tudo o que não nos interessa, somos alheios a nós mesmos.

Vivemos em uma era onde o prazer é o objetivo de tudo, entretanto prazer não é sinônimo de felicidade. O prazer, tal como toda a vida moderna, é passageiro e ilusório e traz consigo a sede, o desejo de mais prazer. A sede é eterna e gradual, vivemos em uma constante busca por algo que não pode nunca ser saciado. Saciar-se com o prazer é ter o desejo em cárcere, é prendê-lo, mesmo sabendo que logo se libertará, mais necessitado e selvagem.

Em resumo, a modernidade tirou do Homem toda a sua humanidade. Não somos mais homens nem muito menos animais, somos seres incompreensíveis e incompatíveis. Tornamo-nos algo que eu tenho aversão. Odeio toda a sociedade que construímos baseando-nos no sofrimento dos outros e no egocentrismo. Somos narcisistas com medo do próprio reflexo, mas que não pode, não quer, não ousa deixar de olhá-lo
Infelizmente não posso me excluir dessa realidade.



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Desculpa pelo longo atraso, mas infelizmente vida de estudante em ano de vestibular é pior do que eu imaginava.
Vou pedir desculpas também pelo tamanho do texto, novamente eu não ia postar isso, mas ao começar a escrever me empolguei. Talvez esteja um pouco confuso, e com certeza muito passageiro (que ironia, não?).
Vou tentar manter essa alternância, textos mais subjetivos com textos mais críticos, às vezes uma música e poemas famosos (ou não).
Abraço a todos!

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