sábado, 12 de março de 2011

A respeito da Esperança

Quantas palavras terão que ser escritas, até que o mundo gire de acordo com o coração e a vontade que cresce no desejo de se encontrar um sol na tarde de amanhã?
Quantas flores morrerão para que a Primavera retorne, exalando esperança e fé em um destino que não exista, de ter o prazer de um futuro enigmático, mas com a certeza de que o amor ainda seja a base moral e ética de um mundo que olha para o seu reflexo cego, turvo e esquecido em um rio espesso de sangue, um rio morto, transbordando lágrimas e lembranças de um tempo que foi escrito na alma medrosa de cada ser. Uma história de eterna fragilidade, de iludir-se em coragem.
A esperança é certamente a ilusão mais triste que os Homens criaram. Sufocados no medo criamos a necessidade de crer que há algo de bom no futuro, que de alguma forma o sofrimento apaziguará e morreremos com o sentimento de satisfação, cercados de bondade, carinho, amor... Mas esquecemos, muito provável que voluntariamente, que a história da humanidade é uma história de tristeza e sofrimento.
Porém, mais do que sofrer, nossa história deve ser vista do ponto de superação. Entretanto é uma superação de nossos próprios malefícios. Superar-nos a nós mesmos.
A vontade de ultrapassarmos por esse mundo é a capacidade de enojarmo-nos com toda a ganância, a mentira e a morte desnecessária que se transformam em virtudes, que constroem impérios e heróis ao avesso sobre a alma de inocentes que sofrem sem causa, sem motivo, apenas com esta falácia, esta ilusória esperança que nasce da saudade de um futuro, de um senso de justiça que se projeta além da nossa vida, que chega ao cerne de uma humanidade cada vez mais individualizada, corrupta e falsa.
Este discurso é uma revolta ao estado que se chegou o deturpamento da alma humana, o ponto onde a vida se tornou negociável, e o amor, um produto finito e cada vez mais escasso.
Escrevo com o medo de que essa esperança de fato não exista, mas sabendo que é uma das palavras mais importantes e poderosas que conheço, e que, apesar de ser uma criação de uma criação imperfeita e em eterna mutação, aderiu-se ao coração da humanidade como um todo. Nomeamos o inefável, e assim resistimos à realidade que sempre nos sufoca. A fé existe em todos, indiferente de crença ou descrença.
Amor, Fé e Esperança convertem sempre no mesmo desejo: Liberdade.

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