domingo, 3 de outubro de 2010

Ricardo, Carta e Algo mais

Primeiro venho pedir desculpas ao Ricardo, digo, desculpas a todos, mas principalmente ao Ricardo. Primeiro que demorei a escrever aqui novamente e ele foi o único a vir até aqui. Segundo, devo pedir-lhe desculpas porque você escreveu um texto, uma carta, em que tenho que adaptá-la, aproveito-me de sua sabedoria e inteligência para colocar aqui o que você também colocou e por isso peço desculpas, por este "quase" plágio.


Mensagem ao Amigo
"Você me trouxe a uma realidade tão constante para mim. Me fez pensar, acima de tudo, em mim mesmo por momentos sem fim. Depois do que você escreveu, uma carta pessoal, você me fez pensar, muito, certo que não tenho que dar algum tipo de opinião em um assunto, como dito por você mesmo, tão pessoal, mas sinto que devo expressar também os meus sentimentos, que se não saírem poderão causar algum estrago, se já não causaram.
Depois de ler seus mais íntimos problemas pensei em algo que ontem me veio a cabeça e fez eu ficar meia hora em um monólogo com a pessoa que amo. Receio não lembrar tudo, porém, lembro o que eu queria dizer.
Amigo, sabe do que mais sinto saudades em meu avô? Sinto saudades de acordar de madrugada ou ficar acordado de madrugada e requisitar sua companhia, e ele sempre estava disposto para acordar e fazer um lanche comigo ou deitar na minha cama enquanto eu ficava no computador. E o que eu dava em troca? Esporros, brigas e nervosismos gerando choro e tristeza. E é por isso amigo que você não deve ter pena de mim quando eu chorar por ele, se você tiver que falar algo, fale apenas "ele está melhor agora", porque vou acreditar. Nunca disse eu te amo. Nunca conversei uma boa conversa com ele e perdi uma oportunidade grande, como gosto de escrever, perdi a oportunidade de escrever sobre a vida dele. Eu ficaria orgulhoso lendo minha obra baseada na vida do meu avô, e ele, aonde quer que ele esteja, estaria agradecendo a homenagem. Pode parecer emocional demais, mas na verdade eu estou aqui para mostrar que não sou muito bom com minhas relações pessoais. Digo isso porque decepciono quase todos os meus amigos e ás vezes os deixo muito chateados por algo que não precisava ter feito ou falado. Não consigo expressar meus sentimentos de forma correta, aliás, erro que vem da minha geração passada. Meu pai e minha mãe não são muito bons em demonstrar que me amam, não é um defeito, é apenas uma característica, minha mãe, por exemplo, como não conseguia demonstrar o amor com o afeto e a união de uma família (até porque meu pai saiu de casa quando tinha um ano de idade) me agradava com presentes caros, e foi assim que aprendi como dar carinho, talvez seja por isso, talvez não seja, mas foi.
Acho que todo tem os caminhos certos, certas passagens na vida são realmente para acontecer, para ter passado. Sabe como o meu avô morreu? Bom ele podia ter morrido de uma forma mais leve, ele tinha pequenos enfartos algumas vezes, mas sempre ia para o hospital e tudo ficava bem. Porém, ele teve que sofrer, talvez para mostrar para mim como eu era e como deveria mudar. Por que o tratava tão mal!? Porque era mimado, não sabia (não sei) dar atenção e nem amor. Ele quebrou o fêmur caindo no chão da cozinha, quando cheguei em casa nesse dia ele estava lá, deitado. Ele olhou para mim e sorriu, como costumava fazer, apesar de tudo, como não conseguia falar direito ele fez um gesto de: "é, caí aqui né, e agora?". O médico chega, leva ele, mamãe não acha vaga em um hospital bom, aguarda uma vaga para ele em um hospital em ele faria cirurgia, precisa do raio-X do fêmur, cada o médico para tirar o raio x? Cadê a enfermeira? Mãe, porque ele está assim, cada vez mais lerdo? Mãe, eu to preocupado com ele, acho que ele está pior! Foi para o CTI, só dois visitantes por cliente, digo, doente. Mãe! Porque ele está assim? Porque ele está desacordado? 24 dias indo e vindo, vamos trocá-lo de hospital! Eu vou com você mãe! Mãe, me deixa ficar mais um pouco aqui com ela mãe, por favor, qual é o problema? Não, volta para casa, seu avô morreu! Chorei no colo dela, enquanto os outros ligavam para minha mãe. Vamos levá-lo para casa! Mãe! Porque eu o tratava daquele jeito!? Não consigo vê-lo rodeado de flores, vou lá embaixo comer alguma coisa.
Em uma conversa, jantando com minha mãe outro dia, falei com a certeza de um filosofo que chegando certa idade, passando certo tempo se perdia o medo de morrer. Ela respondeu em devaneio: "Papai tinha medo de morrer". Fiquei calado, essa frase se jogou sobre mim como um fora da pessoa que você ama, ou até mais pesado, foi como um soco que não para de me doer até hoje. Ele precisava de amor, eu não dava esse amor.
Por isso amigo, te agradeço, agradeço por continuar meu amigo enquanto ainda continuo o mesmo."




Pode parecer meio pesado, mas como o do Ricardo, foi necessário, obrigado.

2 comentários:

  1. Mestre Thadeu, assim como coloquei em meu post para o Ricardo, minhas palavras servem para ti.

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  2. Faço das palavras do Cesar as minhas. E obrigado por ter compartilhado esse seu pesar.

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