Este post nasce de uma indignação, portanto devo avisar - o que deveria fazer em todos os meus textos do blog - que o texto abaixo diz respeito à minha opinião, e não a do blog ou dos seus demais participantes.
Nesta terça-feira, 21/06/2011, 17 ex-militares foram expostos a julgamento devido a "participação direta em tos de repressão e violência durante a ditadura militar no país (1966-1973)" (O Globo - Online). Para quem não sabe a Argentina teve diversos golpes de Estado ao longo do século XX (ao todo foram 6, todos feitos por militares), acabando por se tornar uma democracia fragilizada frente a tantos golpes. Isto torna ainda maior o seu mérito por conseguir julgar e prender ex-militares que tiveram participação nas torturas, mortes, sequestros, etc.
Outros países latino-americanos também já estão aderindo a esse 'movimento' (infelizmente não conheço todos e nem de outros continentes), a exemplo o Chile e o Uruguai, que já julgaram e também prenderam.
Infelizmente no Brasil não vejo uma tentativa mais empenhada de julgar esses ex-militares. A Comissão da Verdade, que é uma tentativa de expor à sociedade civil relatos da Ditadura e possivelmente o que aconteceu com diversos cidadãos desaparecidos nessa época, infelizmente ainda vem sendo discutida a sua criação... A tempo demais...
Felizmente hoje desistiram de discutir a possibilidade de manter em sigilo eterno documentos oficiais sobre a história do Brasil, devido ao protesto de quase todos os representantes e da oposição. O que me surpreendeu foi o fato de os dois presidentes pós-redemocratização terem incentivado o sigilo. Não que Sarney e Collor sejam presidentes exemplares (maior eufemismo e ironia do mundo). Este sigilo seria uma forma de não chegar à sociedade civil, e também ao exterior, os podres que ocorrem e ocorreram na política brasileira e internacional.
A maior ligação que eu pude fazer para que quisessem o sigilo foi com a Ditadura Militar. Não é segredo que o EUA financiou e apoiou a Ditadura (em praticamente toda a América Latina), com o consentimento dos países europeus ocidentais, o bloco capitalista. E que nessa quebra de sigilo fossem expostos documentos oficias (com maior credibilidade do que os do WikiLeaks) sobre a participação do governo estadunidense na morte, agressão, seqüestro e tortura de diversos brasileiros, e até mesmo no detrimento das políticas públicas, influenciando no estagnamento e retrocesso de diversos indicadores sociais.
Outro ponto importante, e esse foi apontado por Sarney e Collor, seria o da Guerra do Paraguai. Essa guerra foi um verdadeiro fracasso para o desenvolvimento da América Latina e da sua possível libertação econômica dos centros capitalistas. Brasil, Argentina e Uruguai eram extremamente dependentes da Inglaterra, e essa precisava da economia subdesenvolvida da América Latina, de sua mão-de-obra desqualificada e grande número de consumidores. O Paraguai, entretanto, estava se mostrando extremamente desenvolvido e independente economicamente, com altos índices sociais. Após uma luta claramente covarde, o Paraguai nunca mais se levantou da queda, permanecendo de joelhos como os demais países da América do Sul.
Portanto, a meu ver, se fosse aprovado o Sigilo Eterno diversas potências (ainda e sempre imperialistas) continuariam escondidas, tornando a discussão quase que irrelevante, apenas ‘coisa de gente de esquerda’.
Felizmente não foi aprovado, e eu particularmente espero que os relatos da Ditadura sejam expostos e os ex-militares presos por seus crimes. Não é vingança! Apenas justiça. Não se deve esquecer o período e nem as implicações sociais, políticas, econômicas e históricas em que ele se deu, culminou e proporcionou.
Para quem se interessar pelo assunto, recomendo mais do que avidamente a leitura do livro "As veias abertas da América Latina", escrito pelo Eduardo Galeano, que pesquisou a fundo a questão da dependência econômica e do eterno subdesenvolvimento e a falácia do termo 'em desenvolvimento'. Leiam!!!
To lendo porra! fica calmo!
ResponderExcluirRicardo, antes de mais nada queria te lembrar que estamos no país em que a "elite" quer deixar ainda mais ignorante o povo, para que continue exercendo o poder sobre ele, a última por exemplo foi a do livro que falava que falar errado é certo. Bom, a realidade é essa, esse país se tornou o país do rico, aonde só o rico tem o seu espaço, o país tem tudo para dar certo, para o rico, e tudo para dar errado, para o "resto", e não vou te falar que é o pobre o maior influênciado, é a própria classe média mesmo, porque ela tem o dinheiro para gastar e para dar para o rico. O que eu quero dizer com isso é que se essa política suja se mostrar a merce de outras políticas sujas o povo, nós vamos descobrir aquilo que não é para descobrir.
ResponderExcluirMeio maluco o jeito que eu falei, mas vou simplificar contando uma história real:
Meu professor da auto-escola e ex-"milico" que atuou na epoca da parte final da ditadura, para ele Gabeira, Dilma e etc são "subversivo" e ele diz com orgulho que saia na rua para dar porrada e e meter o cacete "nos suberviso", ele é uma pessoa humilde, não é uma pessoa maldosa, foi mandado embora do exercito segundo ele por um general gay que não gostava dele, mas ele continua achando que no mundo ainda existe diferença de lados (O QUE NÃO EXISTE MAIS! se é que um dia existiu), continua achando que existem subervesivos que agora estão no poder e que isso é um absurdo, que a epoca militar era maravilhosa, imagina então, querido Ricardo, meu professor descobrir a verdade.
Vou deixar no ar...
Bem, primeiro queira 'curtir' (mania de Facebook) o comentário do André, completamente despropositado e sem sentido hahahaha.
ResponderExcluirDepois, não creio que estejamos no "país em que a "elite" quer deixar ainda mais ignorante o povo", mas sim no MUNDO em que a elite... Concordo com o fato de que o Brasil tem tudo para dar certo, mas serve a uma minoria da classe elevada. Por favor, quando digo isso não estou falando dos moradores de Copacabana, Barra da Tijuca, Higienópolis e afins, mas sim de banqueiros, empresários e políticos que usem sua influência e poder (atualmente poder virou sinônimo de poder econômico) para aumentar seu patrimônio, e infelizmente a ideia que se tem de crescimento é em cima do detrimento de alguns.
E bem, tenho divergências quanto ao assunto do "livro do MEC", mas não quero abrir uma nova discussão dentro dos comentários sobre um assunto totalmente diferente.
Acredito que tenha sim existido lados diferentes, mas com certeza hoje essas linhas já estão praticamente apagadas.
concordo com você cara, eu realmente acho que tudo tem que ser exposto, o povo tem o direito de saber o que aconteceu nesse período tão sombrio e triste da história do nosso país.
ResponderExcluirOutra coisa esse livro que você citou é antigo ? Porque na música "Quem Tem Pressa Não se Interessa" do Engenheiros em 1987 tem a seguinte frase "Nas veias abertas da America menina..." talvez seja alguma referência do Humberto ao livro
Provavelmente. O livro já é um pouco antigo sim, mas ainda não perdeu a validade dos seus discursos. O livro é de 1971.
ResponderExcluirÉ fato que os acontecimentos deveriam ser postos a publico, a questao é se o povo brasileiro se interessaria nessa discussao.
ResponderExcluirTem uma novela no sbt que ta falando sobre ditadura, eu vi uma vez e ela parece ser coerente, tava falando sobre a censura nos teatros e o preconceito racial, o problema é que infelizmente as atuaçoes sao lamentaveis