Bem, pelo título do post a galera deve ter percebido que hoje a cobra vai fumar!
Sem mais flauteações, ta na hora de escrever do fundo do poço.
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Bordel dos Desesperados
Quase meia-noite e eu ainda estava sóbrio. Minha dívida chegou ao limite e o Zinho fechou minha conta. Tanto faz, não me importo. Queria apenas ver a apresentação da Dixie. Porra, aquela mulher seria capaz de me deixar duro mesmo que fosse perneta! Eu era expulso de lá toda sexta-feira só para poder olhar aquelas pernas, meu deus, que pernas! Eu esquecia de todo o resto ao ver aquela bunda maravilhosa subir e descer aquele mastro. Mas eu nunca as teria, pelo menos não enquanto estivesse sem dinheiro para pagar minha própria cerveja.
No final eu me contentava em levar uma bêbada qualquer para minha casa na rua do lado. Eu fazia de tudo com elas, depois ia para a rua e esperava até que elas retomassem a consciência e fossem embora. Era mais fácil assim, se elas soubessem o "que" as comeu, com certeza não usariam as escadas para sair de lá.
Lá estava eu, esperando que algum dinheiro caísse do céu para que eu pudesse me embebedar e bater uma antes de dormir. Eis que senti um cheiro podre, que me deixou zonzo. Aquele bafo de cigarro e porra vieram direto as minhas narinas. Eu conhecia aquele cheiro. Seu nome era Vera, também conhecida pelas redondezas de Bixo-Papão e eu tive a ligeira impressão de que isso era um mal sinal. Aquela noite, eu estava marcado para me foder.
Ela sentou ao meu lado. O cheiro era quase insuportável, pior que defunto fresco. Diziam que ela tinha uns quarenta e poucos anos, embora aparentasse uns setenta e todos. Ela já havia vivido o suficiente, até demais. Mas eu estava vulnerável, no fundo do poço e ela não perdeu tempo:
- Ei benzinho, você está muito pra baixo! Vou te pagar uma rodada. - Bem, finalmente vou me embebedar!
Nem ao menos respondi, peguei o copo e virei tudo. A noite ia ser bem longa.
Acordei no dia seguinte deitado no chão da minha cozinha, se é que podia ser chamada de cozinha. Tentei levantar, mas meu traseiro doía como se um tijolo tivesse sido retirado do meu cú. Caralho, o que foi que eu fiz. Aquela velha escrota deve ter me sacaneado! Levantei e fui cambaleando até o quarto e foi então que eu descobri: Eu não comi ninguém aquela noite. A vagabunda ainda usava aquele cacete de borracha no lucar da buceta e o quarto todo fedia à cú assado. E não era o dela.
- Benzinho, nunca vi alguém se divertir tanto com o meu amiguinho! Você se esbaldou, ein?
Não é verdade, não pode ser, não pode ser!
- Sai daqui vadia! Nunca mais quero ver sua cara por aqui! Vai logo, antes que eu meta três azeitonas nesse seu cú de merda!
- Ai, que grosso, eu só fiz o que você pediu! Seu frouxo, vou procurar um homem de verdade!
- Filha da puta! - Empurrei-a porta a fora com tanta força que pude ouvir quela ossada se estatelando no chão frio do corredor. A maluca ainda ficou gritando durante uns dez minutos.
Que vida de merda, nunca mais teria coragem de entrar naquele bar. Do jeito que o povo era, a história já teria se espalhado e eu seria chamado de bixa em cada esquina que passasse. Foda-se! Metade daqueles pinguços provavelmente já foram violados pela velha e nem devem se lembrar, se não ela não seria tão conhecida. Eu teria que voltar, precisava voltar. Dixie estaria a minha espera, com aquelas longas pernas carnudas e deliciosas. Mas antes, vou precisar de dinheiro ou então não poderei entrar.
Já era uma hora da tarde. Havia comido um pouco de frango da padaria e comprei o jornal. Onde eu passava as pessoas paravam e me encaravam como se dissessem "lá vai aquele fudido, esse não tem mais jeito", e eu sabia disso. Não estou nem aí, prefiro ser comido por uma velha nojenta a passar minha vida inteira sendo fodido por uma vida de merda, com uma esposa de merda num emprego de merda! Isso não era vida pra mim, era uma prisão.
A noite estava me chamando novamente, o tilintar dos copos, o bar estava abrindo e eu estava com a boca seca. Já entardecia e eu ainda estava sóbrio.
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Uma boa noite a todos e não abandonem seus copos!
Suficiente
Há 10 anos
E aí? Vai ter continuação!? O que acontece? Simplesmente ele repete o dia dele todo de novo? Não importa, se terminou agora tá muito bom, se não, estou ancioso para o que acontece, mas talvez não tenha que haver continuação para ficar bom, então sei lá...
ResponderExcluirBom, de qualquer jeito adorei o jeito do texto, esse jeito rude (nada romântico, apesar de ser) me lembra um escritor em especial, alguém me ajuda a lembrar do dito cujo!?
Também me lembrou algum escritor, mas não consigo lembrar o nome tbm.
ResponderExcluirCara, seus textos são muito bons eu sempre consigo visualizar a cena (acho que se vc escrevesse peças seria muito bom) a sua narrativa é ótima
É estilo Bukowski, eu me identifiquei muito com o jeito de escrever dele, é o estilo que eu mais gosto de ler, até porque eu consigo realmente me divertir e rir com esse tipo de texto... E, bem, não precisa terminar ai, pretendo escrever outros contos nesse mesmo estilo, não necessariamente sendo uma continuação desse.
ResponderExcluirEnfim, vlw pelos elogios galera = )
Não sei porque ninguem comentou aqui mároi, muito bom, bom pra caralhom quero dizer FUCK YEAH! Muito maneiro esse texto, adorei ocmo vc escreveu como falou bmbbnifwowdocxjogmrweimw resumindo i came Rainbows!!!
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